A importância do faz de conta na infância
Pra ir pra Itália, basta, pois, balançar.
Dudu balança o elástico, depois para.
Ana pede de novo: "Balança!".
Abre os braços e voa, voa pra Itália da sua imaginação!
O adulto, um turista, de fora, pergunta: A Itália! Você já está avistando o mar azul? Já dá pra ver o macarrão? As fontes de Roma?.
Ela olha sem compreender ao certo o que ouve, mas parece fazer algum registro.
A sua Itália não mora nas minhas imagens, mora puramente nas suas sensações naquele momento. No corpo que se equilibra no elástico, as pernas em "V" que acompanham o seu ângulo. Os braços que se seguram com uma suave firmeza - sem medo ou apego -, sustentando o corpo no alto. Do alto de sua imaginação, Ana é um país inteiro.
Dudu cansa de balançar, Ana pede mais e ele nega e sai de um jeito tão simpático da brincadeira, brincando: "Já chegou na Itália".
"Não chegou não!", Ana quer mais.
A imaginação sempre quer mais. É de sua natureza ilimitada. A imaginação não usa relógio, nem conhece fronteiras. Está sempre ali, pronta, inteira e presente pra quem resolver ir pra Itália de repente.